sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Meninos virando homens

Texto de: Gerson Abarca - Psicólogo

Imagine um garoto de sete anos, tendo em seu quarto uma T.V. com sistema de canal aberto. À noite, quando seus queridos pais estão dormindo, ele liga a T.V. e começa a clicar no controle remoto, até se deparar com programas sexuais de canais que após meia noite, estão contaminados de filmes sexuais. Ano após ano, o menino bem precocemente começa a prática da masturbação, não agüenta, pois está com a mente impregnada de cenas sexuais. Projeta-se no futuro na perspectiva de virar homem, para poder com muita virilidade apoderar-se de uma mulher e dar vazão para seu gozo genital.

Sem perceber, os pais autorizam esta prática televisiva, pois em momento algum se preocuparam de ver o que o filho estava assistindo. Uma preocupação os pais tinham, o menino estava cada dia mais ansioso, a escola alertando que nas primeiras aulas da manhã só dormia e seu vocabulário altamente genitalizado.

Aos doze anos, precocemente ejacula, mas para conseguir esta proeza, precisava de muita prática masturbatória. Não podia ver meninas de saia curta, logo ficava excitado, tipo “cara de tarado”.

Ao começar a ejacular, imaginou-se homem, capaz de conduzir seus pensamentos. Investiu pesado na busca de atividade sexual, até que um dia, já aos treze anos realizou seu maior sonho, a primeira relação sexual, na sua cama, em uma tarde de domingo, com os pais em casa assistindo ele futebol, ela programa de auditório.

Virou realmente homem, e nenhuma regra ele conseguia aceitar. Seu desempenho educacional já amargava duas repetências e desesperados os pais chegam para um processo psicodiagnóstico.

Ser homem nesta identidade construída por este jovem, desde sua infância, com autorização dos pais, estava associado com o poder da virilidade e com a capacidade de pegar uma mulher. Um sonho que ao se cruzar com a realidade cai no vazio de quem só tem o desejo fantasioso, mas não possui estrutura para sustentá-lo.

Na nossa cultura, ser homem é poder provar a força do genital. Virar homem é sentir que a virilidade é realizada, é gozar.

E eles continuam pensando que a honra de um homem está no tamanho de um pênis e na capacidade de pegar o maior número de mulheres para uma relação sexual. Mas os fracassos vão provando que este caminho é a sustentação de um falso self. Puro jogo de uma publicidade de consumo.


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